O RITMO E A MISERICÓRDIA

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Cada ser humano é único, divino e maravilhoso, criado à imagem e semelhança do Pai para cumprir o Plano Divino neste Planeta. Desde a queda do homem, quando foi seduzido pela energia densa, buscamos com intensidade o caminho de volta e, em determinadas circunstâncias, nos distanciamos cada vez mais. A busca do “elo perdido”, muitas vezes confundido com algo exterior, leva o ser humano para dentro de si mesmo, de onde nunca deveria ter saído.

Em meio a essa caminhada encontramos os mais inusitados métodos, fórmulas mágicas, receitas complexas e experiências variadas daqueles que, de alguma forma, conseguiram entender a direção a tomar e o propósito a seguir. As pessoas andam em círculos tentando encontrar algo ou alguém que lhes acene com uma solução pronta ou uma forma de administrar as próprias emoções, sem entender por quê o método que funciona com os outros não encontra a mesma resposta consigo. Eis aí o grande segredo: cada ser humano possui o seu ritmo próprio, único!

Como numa trilha, onde cada um vê e sente à sua maneira e reage de acordo com o que lhe vai na alma, estamos experimentando a densidade da matéria, num trabalho de purificação dos corpos inferiores para desenvolver as virtudes da Chama Trina: Amor, Sabedoria e Poder Divino. Essas virtudes já nos foram ensinadas por Abrahão, Buda, Jesus Cristo e tantos outros Seres que aqui encarnaram para mostrar à humanidade o “Caminho do Meio” ou o caminho do equilíbrio. Mas, como somos seres especiais, buscamos algo que nos preencha e sustente, buscamos a nossa própria Essência que é Deus. Alguns podem optar por “atalhos” que demandam tempo e coragem, sem contar que, depois de algum tempo, necessitam retornar ao ponto de onde partiram. Outros, mais calmos e ponderados, preferem ir aos poucos, sempre seguindo o próprio coração, buscando ouvir a intuição. E há quem siga a multidão, mesmo sem saber para onde vai…

O ritmo é a forma como as pessoas percebem as coisas, o tempo que necessitam para “retirar o véu”. Para que se acredite em alguma coisa é preciso conhecer e então, aceitar. Quando se usa o discernimento, procurando dentro de si mesmo as respostas, o processo se desenvolve de forma natural. Para isso, devemos evitar, principalmente, a crítica e o julgamento. Em função do ritmo de cada um, o tempo que se leva para promover uma mudança é muito relativo e varia de acordo com o estágio da criatura. Quando percebemos as próprias limitações, fica fácil entender as limitações dos outros. Quando passamos a nos respeitar, estamos aptos a respeitar os outros. Se formos honestos com os outros, é porque essa honestidade foi exercitada dentro de nós mesmos.



Não raro encontramos pessoas exasperadas porque não conseguem convencer o outro do que é certo (ou que julga certo e segue). Normalmente, quando consegue dar um passo em direção à própria liberdade, o ser humano acredita que os seus iguais percebem da mesma maneira. E passa a cobrar deles uma atitude diferente, criando expectativa com relação à mudança do outro. Então instala-se o karma (dívida e oportunidade para resgatar). A mudança efetiva é aquela que se faz “de dentro para fora”, consciente e definitiva! Considerando que eu não posso promover a mudança no outro, senão através da minha própria capacidade de mudar, corrigindo as minhas carências, seguramente o melhor caminho é desenvolver as minhas virtudes para expressar a Essência Divina e, através do exemplo, auxiliar o outro em seu processo de reforma interior, sempre respeitando o seu livre-arbítrio e, sobretudo, o seu ritmo. Isso representa a misericórdia!

Procurar entender o outro como ele é, com suas carências e virtudes, aceitando-o e amando-o porque, acima de tudo, é Energia Divina atuando na forma humana; respeitar as diferenças individuais; entender que cada um é dono de seu destino, não obstante deixe-se conduzir por outros; procurar ver apenas o lado divino, o lado luz de cada um, sabendo que, acima de qualquer situação ou circunstância, está a Lei Maior, a Lei do Amor – é expressar Misericórdia!

Se cada ser humano cuidar de si, com amor e responsabilidade, haverá de ajudar efetivamente os seus iguais, porque quando buscamos a iluminação estamos, da melhor forma possível, iluminando o caminho daqueles que seguem os nossos passos. A melhor forma de ajudar é mostrar como se faz, sem expectativas, sem cobranças, com muita humildade e amor. A misericórdia permite respeitar o ritmo do outro e colocar-se à disposição para auxiliar, quando solicitado.

Na Lua Cheia de maio (Festival de Wesak), comemoramos a Iluminação de Buda que, saindo dos extremos, descobriu o Caminho do Meio. No caminho da Iluminação, onde cada um deverá fazer por si mesmo, necessitamos juntar a Vontade Divina e o Amor incondicional. Assumindo a responsabilidade por nossas criações mentais, passaremos a expressar mais amor e paz porque não mais alimentaremos as limitações humanas. Nosso caminho é Luz e a nossa missão divina é expressar a Luz maior, em todas as circunstâncias, buscando fortalecer em cada ser humano, a Divina Presença EU SOU!



APELO ao Bem-Amado Senhor Gautama:



Em nome e com autoridade da Presença Divina EU SOU em nós, apelamos a Vós majestoso e magnânimo Senhor Gautama: preenchei o nosso mundo com o Vosso equilíbrio perfeito e auxiliai-nos a trilhar sempre o Caminho do Meio. Cumulai o nosso mundo de paz, harmonia e amor no servir, para que possamos vigiar e manter inalterado o controle de nossa energia. Auxiliai-nos a conservar a dignidade e o autodomínio de nossos atos. Queira realizar-se, para todo discípulo da Era da Liberdade, aquilo que pedimos para nós.



Terezinha –abril/2004


 

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